terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A curiosidade matou o gato! Quem é esse sádico revisor?

Dar asas às minhas paranoias é uma fonte inesgotável de posts. Vamos dizer ao “meu fantástico mundo de Bob” para não parecer assim tão patológica! É fácil criar histórias com as compras de supermercado dos outros, os livros que as pessoas leem no ônibus ou as manias que deixam transparecer mesmo quando tentam esconde-las. Ah, quase esqueci. A playlist do Spotify é um manancial de diversão e elucubrações disparatadas. Como esse cara legal consegue escutar esse sujeito tão chato? Quem gosta de Brian Eno anyway? Trilha sonora pra sal de frutas, mais entediante que filosofar o nada. Pra mim, ficar matutando essas coisas é uma distração off-line interessante, um processo quase terapêutico. Claro, se estamos plantados na fila do caixa, sentados no metrô abarrotado ou entediados numa sala de espera. O problema é quando essas distrações começam a atrapalhar sua produção diária. 

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Berlim: 30 anos depois da queda do muro


Esse post parece mais um Déjà-vu. Já escrevi reportagens sobre os vinte anos da queda do muro, posts sobre os 25 e aqui estou eu de novo 30 anos depois. Embora seja um dos maiores acontecimentos do século 20, nem Freud explica essa minha obsessão. Tenho lembranças do ocorrido, numa perspectiva claramente infantil de uma criança de seis anos. Meu jantar que não vinha, minha avó paralisada em frente a TV e a Globo anunciando a musiquinha do plantão. Coisas estranhas da vida. Mal imaginava à época que moraria por quase dez anos em cidades na Alemanha Oriental e completaria grande parte da minha vida acadêmica por lá. Só queria mesmo ser astronauta, pintora ou aeromoça pra poder viajar.  

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Cambridge em um Fim de Semana

A cidade é uma boa opção para um passeio de fim de semana, um aconchego bucólico de outono quando cansamos da caótica e intensa moça londrina. Mas é difícil desassociar o destino no condado de Cambridgeshire com seu clima estudantil e os nomes mais cabeçudos da história inglesa. Tanto que um grande número de colleges compõe a lista dos pontos turísticos mais visitados por aqui. Ao pisar no centro histórico, a capela da King’s College domina o reino do conhecimento (e estampa os panos de pratos mais bregas do interior britânico). Um ícone da arquitetura gótica, com vitrais coloridíssimos e teto de abóbodas brancas, é um must-see dos guias de viagem. Mas, diferente de outros países europeus, a universidade aqui não mantém as portas abertas para a sociedade civil. Well, ao menos que se abra a carteira! Em Berlim, podemos entrar na Humboldt, passear pelos corredores, admirar os dizeres de Marx gravados no mármore sem nenhum problema. Por outro lado, em Cambridge, o hobby dos porteiros é barrar visitantes na entrada como se fossem homens-bombas no Heathrow. Há inclusive histórias constrangedoras de professores questionados à entrada por não se encaixarem no padrão de vestimenta “lorde inglês”. Fato é que o total de 31 colleges, embora nem todos abertos à visitação, pode ser um problema pro bolso.

domingo, 15 de setembro de 2019

A casa do Freud em Londres

Tenho um prazer enorme em bisbilhotar à casa alheia pelas janelas entreabertas. Acho ainda mais interessante se ninguém estiver presente. Assim, posso criar a figura de um personagem, um morador fictício, baseada nos objetos que compõem o cômodo bisbilhotado. A indiscrição é tanta que até já ganhei um livro de fotos de janelas parisienses, exibindo a vida privada da cidade. Por essa mesma lógica, gosto também de visitar museus que outrora foram residências de escritores, artistas ou intelectuais. Já vasculhei os antigos lares de Goethe, Schiller, Nietzsche, Otto Dix, Thomas Mann, Shakespeare, Van Gogh, Picasso... Recentemente, inseri na lista a última morada de Freud, na Maresfield Gardens, número 20, no charmoso bairro de Hampstead, em Londres.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Costa Alentejana em Portugal: Falésias dramáticas e praias selvagens


A costa do Alentejo é dona de algumas das mais belas praias de Portugal. Esse trecho do litoral lusitano se estende por cerca de 100 km desde a Península de Troia até o litoral do Algarve, no sul do país, e exibe uma sucessão de praias marcadas por falésias rochosas dramáticas, dunas, mar azul e pouco movimento de turistas se comparado a outros litorais europeus mais badalados. Estradas litorâneas contornam à beira-mar pelo alto das falésias, exibindo altos mirantes e facilitando os deslocamentos entre uma cidade e outra.

sábado, 31 de agosto de 2019

Alentejo-Portugal: Orgia Gastronômica

O Alentejo é famoso por sua boa gastronomia. Por um lado, as influências do litoral dão á mesa deliciosos pratos de peixes e mariscos. Por outro, o interior traz os elementos da terra como os enchidos e os pratos de caça. Coentros, oréganos, hortelã, alecrim e manjericão dão um baile de aromas e sabores. Não deixe de experimentar a sopa de cação com coentro, servida no restaurante Fialho ou o bacalhau com espinafre no Café Alentejo, ambos em Évora. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Alentejo-Portugal: Monsaraz e Mértola


Monsaraz: E o céu estrelado 

Após subir uma estrada cercada de oliveiras, você chega à Porta da Vila. É a entrada para Monsaraz, uma aldeia no alto de uma montanha onde o tempo parece ter sido aprisionado no interior de suas muralhas. O charmes histórico está em qualquer direção que se olhe. Das torres do castelo, avistam-se as planícies e as águas azuis-turquesas da barragem da Alqueva, um dos maiores lagos artificiais da Europa. Dá para passar horas ali com o olhar fixado. Casinhas brancas, lojinhas de vinhos, suvenires e mantas artesanais se espalham pelas ruas de pedra. Um passeio pela praia fluvial também é uma boa opção para quem não se contentar em ficar só olhando. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Portugal-Alentejo: Estremoz e Elvas


Estremoz – Aguce os sentidos

Depois de percorrer os caminhos de Évora é hora de sair rumo aos arredores para conhecer as paisagens e cidades do Alentejo. A melhor opção é alugar um carro para rodar pelas estradas que contornam os campos de oliveiras e levam rapidinho a uma infinidade de aldeias de casas brancas cercadas por muralhas medievais, geralmente erguidas no alto de colinas e com um castelo no cocuruto. Uma delas é Estremoz, também conhecida como Cidade Branca por causa da presença do mármore em sua arquitetura. Entrar em Estremoz só se faz à moda antiga, ou seja, passando pela ponte de madeira que leva para o interior da muralha. Da Torre das Três Coroas, resquícios de um velho castelo, há uma vista fenomenal dos vinhedos nos arredores. A pacata cidade revela-se facilmente em uma caminhada leve e relaxante.

sábado, 10 de agosto de 2019

Alentejo: Portugal como antigamente


Deixe a pressa em casa quando viajar pelas charmosas cidades históricas da maior província de Portugal, pois essa região de paisagens serenas e boa gastronomia é para ser degustada com a maior serenidade possível.

Vinícolas, vilarejos medievais amuralhados, paisagens tranquilas... O Alentejo, à primeira vista, é um oceano de calmaria. Entre os portugueses, é um destino para descansar e curtir a vida bucólica dos campos. Então, deixe a pressa em Lisboa quando cruzar a ponte sobre o Rio Tejo rumo à maior província do país, que tem acesso rápido desde a capital portuguesa, basta uma hora e meia de carro rasgando estradas planas e cenários tão belos a ponto de amolecer a razão. De uma vila a outra, percorre-se caminhos com aromas de alfazema, vinhedos e plantações de oliveiras. Mas, apesar do sossego aparente, há muito o que se descobrir por essas bandas: castelos, vila fortificadas e o melhor de tudo: a mais rica gastronomia portuguesa. Nas palavras do escritor Miguel Torga: “Mais do que fruir a direta emoção de um lúdico passeio, quem percorre o Alentejo tem de meditar. E ir explicando aos olhos a significação profunda do que se vê.

Onde Comer e Dormir no Alentejo

Onde Ficar 


Vila Galé Évora. A rede de 30 hotéis está presente de norte a sul de Portugal e também no Brasil. Só em Évora são 185 quartos, equipados com TV, ar-condicionado e máquina de café. O espaço conta com excelente área de serviços, spa e piscina. O café da manhã é bem variado, com omeletes fresquinhos. Diárias a partir de 100€.  


terça-feira, 9 de julho de 2019

Impulsos e reações precipitadas


Comecei a ler “A Caixa Preta” (de Amós OZ) numa noite de quarta-feira. Já estava com sono, mas não conseguia parar. A troca de cartas entre as personagens é instigante. Até que começaram a aparecer erros grotescos de português. Uma pessoa centrada e tranquila teria respirado fundo, levantado uma das sobrancelhas e seguido para os próximos capítulos. Super ponderada (ironia), praticamente pedi o divórcio para a “Companhia das Letras”. Sem lembrar que o Chico Bento fizera parte da minha infância, procurei mil teorias para justificar aquelas esquisitices ortográficas. O romance se baseia em troca de cartas, assim o estilo de escrita de cada personagem faz parte dessa construção (óbvio). Mas a culpa não é da minha desatenção e sonolência. A editora que edita mal seus e-books, não sabiam? Sabe quando você está convicta que seu marido está tendo um caso com alguma professora de história da arte, de olhos verdes e sotaque francês, mas na verdade ele só está preparando uma festa surpresa para o seu aniversário?

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Alemanha Central: vilarejos da Turíngia

Adorei uma crônica da Martha Medeiros em que ela cria um personagem fictício meio do contra, tão do contra que chega a ser charmoso e quase o convida pra jantar. Assim a autora descreve esse perfil de pessoas: “Por um lado, reconheço sua autenticidade como virtude e os admiro pela perseverança em sempre buscar aquilo que quase ninguém viu, quase ninguém leu, quase ninguém escutou falar a respeito. Eles sustentam os mercados independentes e de quebra atraem para si o charme dos aventureiros e desbravadores. São homens e mulheres únicos. Não foram produzidos em série”. Pois bem, tenho a esperança de que pelo menos essa almas raras se interessem pelas cidades alternativas desse post. E podem me chamar de embaixadora da Turíngia se quiserem. Não me importo. Sim, existe uma região central chamada Turíngia, considerada o coração verde do país e que faz todo mundo me olhar com cara de interrogação. 

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Stonehenge e o solstício de verão




Há coisas nessa vida que costumo chamar de “experiência antropológica”. Dar uma espiadela em coisas “estranhas” para ver se gostamos. E, sim, vale para todas as esferas da nossa existência (por que não?). Ano passado decidi que passaria a madrugada do solstício de verão no Stonehenge. Além de ser de graça (quem mora em Londres entenderá a mão de vaquice), é a única oportunidade de chegar bem pertinho e encostar as mãos, pés, nariz e bunda na estrutura. Cada um com seu fetiche, tenho dito sempre. A única coisa é que dividimos o espaço com toda sorte de malucos (no bom sentido, tá?) que seguem para contemplar as lendas e mistérios da construção desse círculo concêntrico de rochas. Durante um tour oficial, o monumento é protegido e só podemos vê-lo a uma certa distância. Por isso, há vários motivos para se juntar a celebração.

domingo, 9 de junho de 2019

Spotify e o robô enxerido


Já faz umas semanas que ando com uma baita implicância com os algoritmos do Spotify. Mas, estranhamente, quando xingo suas escolhas inapropriadas para meus ouvidos, me sinto tão maluca como meu avô insultando secretárias eletrônicas ao soar do bip. Não me entendam mal. Inicialmente, me senti realmente seduzida pelas listas sugeridas por esse xereta invisível. As mais ouvidas em 2018, os daily mix ou as sugestões gerais. Meu problema tá com a falta de contexto. Explico. Associamos músicas com situações, lugares, pessoas, fases da vida. 

sábado, 4 de maio de 2019

A leveza da idade

Não costumo ter bloqueios para escrever posts. Síndrome da tela vazia do Word só acontece com trabalho. Aliás, posts em geral são a antítese disso. Quando empaco com matérias ou tese, chuto o fantasma A4 pro alto e escrevo qualquer paranoia, comentário ou abobrinha para o blog. É um ótimo laxante de ideias. Mas eis que estou há três semanas evitando abordar minha primeira experiência dando aulas. O problema não é a novidade ou o desafio da experiência em si. Acho que a obstrução tem a ver com o cheiro. Podem seguir com a leitura despreocupados. Não virá nada escatológico. 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

As chamas da Notre Dame

Estava em uma reunião com alguns amigos segunda-feira à noite aqui em casa (filme, massa, bate papo), climão pacato dos tediosos dias de semana. Um pouco antes de dormir chequei minha timeline do Facebook. Posts do incêndio da Notre Dame jorravam numa velocidade maior que a do próprio fogo – BBC, Guardian, Folha, Estado, El País, SZ, FAZ e mais uma imensa lista de veículos compartilhando a tragédia. Aquilo mexeu comigo sem aparente explicação e para reprimir o que não queria trazer à tona, passei a analisar os fatores noticiosos. Surpresa, imprevisto, dano extremo, proximidade cultural, alto fator emocional, acidente em uma “nação de elite”. São as regras do jogo midiático. Ponto. Walter Lippmann diz amém. 

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Nova Zelândia: Em busca dos Kiwis na Ilha Sul

Uma overdose de natureza, trilhas, geleiras e esportes radicais no pedaço mais selvagem do país do kiwi

Não é muito fácil ver um kiwi. Não a fruta, mas o pássaro kiwi, que é o símbolo nacional da Nova Zelândia. O bicho tem aspecto engraçado, parece uma bolota peluda com um bico fino e alongado. Ele não voa, é muito arisco e só gosta de sair à noite. Apesar da timidez, o kiwi não tem nada de bobo, pelo menos, sabe escolher muito bem um lugar para morar. Habita os parques nacionais da Ilha Sul da Nova Zelândia, a região mais bela e selvagem do país, onde a natureza foi criativa ao desenhar picos nevados, praias, geleiras gigantes e fiordes (estes últimos só para dar um toque norueguês à paisagem neozelandesa). Para mim, o kiwi é, sobretudo, um privilegiado.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Bollocks to Brexit


Mais irritante que o „Mind the Gap” em Londres só esse slogan “Keep Calm and Carry On”. Enquanto os franceses queimam carros em protesto contra o planeta, os ingleses são aconselhados a manterem a calma e seguirem em frente. Sério? É muita contenção. O mundo caindo, o Titanic afundando, a casa pegando fogo, o demônio da Tasmânia varrendo a cidade, mas a bela cabeça fria (educadíssima) sempre permanece no devido lugar – “I beg your pardon”, “would you excuse me”? WTF? A vontade é de atirar a xícara de chá fervendo contra a parede, pisar nos scones e sair gritando “ma che porca miséria”! Sério, nem o Buda conseguiria não revirar os olhos assistindo uma discussão no parlamento britânico. Morro de curiosidade para saber se esses políticos têm o mesmo sangue frio quando se trata da vida pessoal deles. Com exceção da May que não deve ter uma.

sexta-feira, 15 de março de 2019

"Um Dia do Nosso Para Sempre"

“Tiraste-me a virgindade da alma. E aos poucos vai retirando a inocência do meu corpo”. Essa frase é de uma escritora portuguesa extremamente jovem, que conheci por acaso em um curso de jornalismo na universidade de Derby, no Reino Unido. Foi a coordenadora do programa que me mostrou seu livro – “Um Dia do Nosso Para Sempre” – editado pela Cultura e já com 30 mil exemplares vendidos. Maria Cunha e Silva passou a publicar textos, poesias e muito do que escrevia no Instagram, aos 16 anos. Logo angariou mais de 30 mil seguidores e com a admiração desse público jovem e fiel bateu nas portas da editora para realizar seu sonho!  

domingo, 10 de março de 2019

É pau? É pedra? É o fim do Caminho? Fuck Paintings!


Depois de ler um livro publicado por uma aluna esta semana (que pretendo comentar num próximo post), fiquei com o tema “primeiras-vezes” ressoando na cabeça. No caso do livro, um inocente primeiro-amor. Coragem, exposição, arte, desejo feminino. Toda essa temática veio a calhar muito bem quando pela “primeira vez” cruzei Londres inteira só para ver genitálias. Quer dizer, pinturas de genitálias. Explico. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Táticas para procurar WG na Alemanha

Alugar apartamento em Londres não é tarefa simples. Lidar com os preços mais caros do planeta e um monte de corretores engomadinhos exige paciência e ânimo. Muito ânimo. Mas depois de encarar a experiência britânica duas vezes, passei a achar a procura por cafofos na Alemanha bem mais amena. A busca por um quarto em terras germânicas tem me rendido boas risadas nos últimos tempos. Veja, os preços são mais camaradas e dá para driblar essa figura abominável do estate agency. Assim, tudo sempre me pareceu muito descomplicado pelo site wg-gesucht.de, até eu perceber o preconceito com os trintões. E relembrar das entrevistas peculiares para analisar as esquisitices dos futuros coleguinhas de apartamento.