domingo, 20 de junho de 2021

Lisboa: chegar e partir

Não sei se foram os doze meses em quarentena ou o espacate de treze anos entre Alemanha e Reino Unido que me deixaram assim. Com esse jeito meio bobo, meio gringa deslumbrada no Mediterrâneo. Passo protetor solar religiosamente todas as manhãs e faço o “pequeno almoço” na varanda. Sim, mesmo que esteja frio para os padrões lisboetas. Paro na rua e admiro árvores de mexericas e limões sicilianos. Pareço uma criança paulistana quando escuto um galo cantar numa capital. Juro que tem galo! Acho os telhadinhos vermelhos desiguais, cheios de antenas tortas destoando na paisagem, o charme maior do continente. Mais do que pão de queijo nas padarias, tapiocas nos supermercados e até mesmo catuaba para relembrar a adolescência, há lajes e varandas. Às vezes torço para chover só para sair gritando – “olha a roupa no varal”. Há anos não me lembrava que roupas podem secar livres ao sol e ao vento.