quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sul da Alemanha: Füssen e o castelo da Cinderela (Neuschwanstein)

Dar dicas de viagem é um negócio mesmo complicado. Já pensou dizer para alguém em um trem de Munique rumo a pequenina cidade de Füssen que o melhor a se fazer naquele dia é deixar o castelo mais famoso de toda Alemanha pra lá? Sim, viajar duas horas de trem, acordar bem cedinho e não entrar no Neuschwanstein (desculpe pelo palavrão!), aquele castelaço do maluco do rei Ludwig II, que inspirou até mesmo a construção da casinha da Cinderela na Disney!


Mas alto lá. Antes que alguém comece a traçar semelhanças minhas com o maluco do Ludwig, vamos avisar logo que se trata de um dia de verão. A dica é sim plausível para aqueles que só dispõem de algumas horas: deixe essa visita à casa do mais xaropes dos reis para o inverno. E então pra que desembarcar nesse fim de mundo bavárico? Somente para perambular pela região, encostada nos Alpes da Bavária, cheia de lagos e com a vista, de quebra, dos dois monumentais castelos, o tão citado Neuschwanstein e o parceiro amarelão Hohenschwangau. 
Já tinha passado por lá em um mês de janeiro, com temperaturas marcando lá na casa dos menos vinte.  O visual era mesmo de tirar o fôlego, embora um pouco indistinguível. Tudo belamente branco. O que mais me lembro era de sair da fila das carruagens (sim, é brega, seu sei, mas estava muito frio) que levavam os turistas para o topo do castelo exclusivamente para comprar uma terceira meia. Aquelas cinzas de pelo de carneiro que a gente só usa em casa, escondida, tomando chá, de óculo, descabelada e embaixo do edredom. 
 Dois anos depois aterrissei por lá num belo dia de julho. A fila para comprar ou retirar tíquetes estava quase que no ponto de ônibus, coisa pior que a espera do Louvre ou pra subir na Basílica de São Pedro. Foi assim que, sem peso na consciência de não rever os cômodos do lunático Ludwig, descobri um mundão lá do lado de fora. Da ponte Marienbrücke há a melhor vista  pro castelo, bem à la conto de fadas. As torres brancas destoando em meio ao bosque verdinho com os lagos ao fundo. É só não olhar para baixo que fica tudo certo. Dali uma curta trilha direciona os visitantes para o vale embaixo da ponte, regado por um barulho de uma pequena cachoeira.
Mas, o melhor mesmo é ficar embaixo de um guarda-sol no café- restaurante Alpenrose com o lago (o Alpsee) machucando os olhos de tão azul. Ali, sentadinho, com petisquinhos, tortas ou um vinho branco geladinho para aliviar o calor. Há também degustação de queijos da região de Allgäuer. Se tudo isso ainda não convencer de que não vale a pena (na ausência de neve) ficar dentro das paredes daquelas belas edificações, alugue um pedalinho, vá até o meio do lago, deixe a mochila com documentos por lá e se jogue. Literalmente. Se não houver outra troca de roupa, pule mesmo de cueca, calcinha, sutiã, regata ou como der. Europeu nenhum liga pra isso mesmo e a sensação de nadar em águas frescas, cercada pelos Alpes da Bavária e os dois castelos na vista é impagável. Para os supersticiosos, fiquem tranqüilos. O Ludwig se afogou no Starnberg, não ali.  

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