Bósnia – Um quebra-cabeça complicado e atraente
(Texto originalmente publicado na revista Viaje Mais! Jul. 2012)
(Texto originalmente publicado na revista Viaje Mais! Jul. 2012)
A partir da capital Sarajevo, que há 20 anos era palco
de uma guerra, descubra toda riqueza e complexidade deste país que é uma colcha
de retalhos étnicos, históricos e culturais
Por Regina Cazzamatta
Um
centro histórico que reúne mesquitas, sinagogas e igrejas católicas e
ortodoxas, junto a antigas praças nas quais os aposentados passam horas jogando
xadrez num tabuleiro pintado no chão. Definitivamente, essa plácida cena não
condiz com a ideia que a maioria das pessoas faz de Sarajevo, capital da
Bósnia-Herzegovina. É que, apesar de hoje viver em paz, tornando corriqueira a
presença de velhinhos nas praças locais, assim como o vaivém de pessoas que se
espera encontrar numa capital com pouco mais de 300 mil habitantes, Sarajevo
segue intimamente ligada à Guerra da Bósnia.
O complicadíssimo conflito, que começou há exatos 20 anos, em 1992, esfacelou de vez a multiétnica Iugoslávia e deu origem, com reconhecimento internacional, a países como a própria Bósnia. É inegável que a sangrenta batalha marque o roteiro dos visitantes, mas basta bater perna pelo centro de Sarajevo – e por cidades como Mostar, a duas horas de carro da capital – para se encantar com os resquícios do caldeirão cultural herdado dos tantos povos, que ao longo dos séculos, dominaram a região.
A
vizinhanças resulta da mistura entre o tempo em que os eslavos do sul mandavam
por ali, mais os 40 anos de tutela do Império Otomano (século 15 ao 19). Um
tempero ocidental foi dados pelo Império Austro-Húngaro. Ao fim da Primeira
Guerra, em 1918, foi formada, com os reinos da Sérvia, Croácia e Eslovênia, a
Iugoslávia. O país dissolveu-se em 1992, quando a Bósnia tentou a independência
e foi rechaçada (veja na pág.185/fim do post), dando início ao pior conflito
europeu pós-Segunda Guerra.
É por
conta desse pot-pourri que Sarajevo
reúne em seu centro histórico igrejas católicas e ortodoxas, mesquitas e
sinagogas. A convivência entre pessoas de diferentes credos nem sempre foi
pacífica, mas, hoje em dia, a única batalha enfrentada pelos moradores são
aquelas de xadrez, citadas no começo da reportagem, que podem ter lugar na
praça em frente à Nova Igreja Ortodoxa Sérvia. As partidas reúnem senhores –
possivelmente veteranos de guerra – e passantes, que começam a dar opinião.
Distinguir
os palpiteiros dos jogadores é tão difícil quanto classificá-los com relação à
etnia. Vivem no país três grupos: os bósnios sérvios (de maioria ortodoxa), os
bósnios-croatas (geralmente católicos) e os bósnios islâmicos, os Bosniaks. A fisionomia é muito parecida,
pois todos descendem dos eslavos.
Oriente no Centro Histórico
É na Praça Bascarsija, no coração do centro
histórico, que se encontra a herança oriental mais forte. No tempo do Império
Otomano (1440 a 1878), esse ponto já concentrava o agito de Sarajevo. Ali,
vielas com lojas que vendem produtos de ferro – como as xícaras próprias para o
café turco (ou bósnio) – dão um toque mercantil à área.
Na
mesma região, especificamente na Praça dos Pombos – assim chamadas pela
infinidade desses animais ali presentes- está o ícone da cidade. Construída em
1891, a fonte de água é uma cópia da que existia em Constantinopla (atual
Istambul, na Turquia).
A
poucos passos fica uma edificação de pedra de 1551, com seis cúpulas esverdeadas.
Antigamente um mercado de produtos de seda, o lugar hoje abriga o museu da
história de Sarajevo, que exibe maquetes espetaculares da capital.
Enquanto
se descobre esse bairro, é possível que se escute uma música ou uma voz ecoando
em alto-falante. É o chamado para a oração que os mulçumanos fazem cinco vezes
ao dia, que pode ser realizada na mesquita “Gazi Husrev Begova”. Um dos
principais de Sarajevo, esse tempo islâmico, de 1530, é um bom exemplo da
arquitetura otomana nos Bálcãs. A comunidade que o freqüenta está acostumada
com os turistas, que podem visitar o espaço – e as mulheres não devem estar com
pernas e braços à mostra.
Sarajevo Européia
Com
inúmeras lojas, cafés, restaurantes e galerias, a avenida Ferhadija marca a
chegada a Sarajevo herdada do Império Austro-Húngaro, potencia europeia que
existiu entre parte do século 19 e o fim da Primeira Guerra. O marco da tal
transição para o “mundo ocidental” é o Hotel Europa (Vladislava Skarica 5), um
dos mais antigos da cidade. Após ser completamente destruído durante a guerra, ele
novamente oferece seus serviços cinco estrelas.
Ali do
lado, estão as ruínas do “Morica Han”. Se no tempo do Império o complexo servia
de acomodação e depósito de produtos os mercadores, atualmente ele funciona como
um centro de compras cheio de cafés e restaurantes. Já no final da Ferhadija
uma chama constantemente acessa queima em memória daqueles que deram suas vidas
pela libertação de Sarajevo dos fascistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
Além da arquitetura e da religião, as
diferenças entre Ocidente e Oriente podem ser observadas (e experimentadas) nos
cafés. O Belle Epoque (Kundurdziluk, 4) ostenta uma decoração que faz jus ao nome se serve tortas típicas da Áustria como a sachertorte (com chocolate e geleia de
damasco) ou Apfelstrudel (torta de
maçã), sem abrir mão do café bósnio, que, como o turco, não é coado. Já o Café
Sevdaha Kahva (Halaci, 5), está em um ambiente de vidro, cheio de plantas e
chão de pedra. No menu, figuram doces turcos como o kadaif, fios de massa doce recheados com nozes.
Mesmo
com a aparente normalidade em Sarajevo, realçada por um clima de efervescência
cultural e pelo crescente movimento de turistas, é fácil notar as cicatrizes da
guerra, que durou de 1992 a 1995. As lembranças do conflito não estão
registradas somente nas paredes das construções, marcadas por tiros de
metralhadora, ou nos adesivos da ONU, mas sobretudo no imaginário e rotina da
população. Nos shoppings e museus, é comum deparar com avisos que indicam a
proibição de...armas. É assim quando se visita o Museu Histórico, onde o
porteiro reitera a proibição de armas já apontada por uma placa. Nos mercados
do centro histórico, cerca de 1 milhão de balas que caíram sobre Sarajevo foram
parar em diversos apetrechos vendidos aos turistas.
Para
começar a entender a guerra, visite o Museu Histórico, na Rua Zmaja od Bosne.
Comhecida como “avenida dos franco-atiradores”, essa via era uma das mais
perigosas na época dos combates. A exibição é simples, mas diz bastante sobre o
período. Imagens de crianças machucadas (estima-se que 1.620 foram mortas e 15
mil tenham se ferido) e seus desenhos mostram a realidade da infância perdida.
Fotos da biblioteca antes do conflito- no qual perdeu 3 milhões de documentos,
como registros antiqüíssimos da cultura dos eslavos do sul – dão uma ideia da
outrora grandiosidade do edifício, que está sendo restaurado.
Além de latas de comida enviadas pela
ONU, também estão à mostra as engenhocas inventadas para cozinhar sem energia
elétrica ou gás. No piso térreo há uma exibição das chocantes imagens feitas
pelo fotográfico Ron Haviv, reunidas no livro Sangue e Mel: um Jornal da Guerra dos Bálcãs, de 2000.
Também
é interessante fazer um passeio especializado, como os da empresa Insider
(Zelenih beretki, 30), que oferece diversos roteiros. Se você fizer o tour com
o guia Adnan Zuka, você ficará sabendo que ele faz aniversário no mesmo dia em
que a guerra começou, 6 de abril. Assim como milhares de crianças, ele perdeu
parte da infância escondido em porões e teve de freqüentar escolas
subterrâneas.
Intercalando
histórias pessoais e fatos de guerra, Zuka e o motorista da excursão – um
ex-soldado, na faixa dos 60 anos – levam às montanhas que circundam Sarajevo e
às ruínas da cidade medieval. De lá, o guia aponta cada montanha ocupada pelos
sérvios. O roteiro leva a cemitérios de guerra, que ocupam montanhas, parques e
até mesmo partes de campos de futebol. “Quem quisesse enterrar seus mortos,
tinha de fazê-lo à noite, para não ser atingindo pelos atiradores de elite
sérvios”, explica o guia, contando que, só em Sarajevo, foram 11.541 vítimas.
Mais Guerra na Veia
Um dos pontos altos da excursão é o
túnel sob o aeroporto, que ficou à época sob custódia da ONU por três anos.
Localizado entre a capital sitiada pelos sérvios e a montanha Igman, a única
sob controle dos bosniaks (bósnios
islâmicos), o aeroporto tinha o status de zona neutra. Mesmo assim, era
praticamente suicídio cruzar a pista até a montanha em busca de recursos. Por
isso, em 22 de dezembro de 1992, o exército da Bósnia decidiu construir um
túnel por baixo da pista para viabilizar o leva e traz de armas, medicamentos e
alimentos, que foi realizado com dois homens um cavando em direção ao outro.
Pela estrutura de 1,5 metros de altura e um metro de largura, passaram cerca de
4 mil pessoas e 20 toneladas de mantimentos.
Hoje
restam só 20 metros do desconfortável túnel, que podem ser atravessados. Uma de
suas extremidades fica no quintal da casa da família Kolar, hoje um museu, onde
há fotos e um vídeo sobre o conflito. O casal Alija e Sida Kolar ainda vive
próximo ao centro de visitação e lá está retratado: no vídeo, Sida é a senhora
que leva água aos soldados. Mesmo sob ataque, as pessoas tentavam levar uma
vida normal. “Havia até encenação teatral nos porões” , lembra o guia Adnan
Zuka. O tradicional Festival de Sarajevo, por exemplo, foi mantido. Em 1994,
seu tema foi “Ser ou Ser, sem Questão”, adaptada da famosa frase de Shakespeare
para remeter à necessidade de sobrevivência.
Cartazes
desse festival estão no restaurante To Be or Not to Be (Cizmedziluk, 5), de
onde saem pratos ecléticos e
saborosos. Outra boa pedida gastronômica é o restaurante bósnio Inat Kuca
(Velika Alifakov,1). Servindo os típicos ensopados e tortas de carne e
espinafre, é como um museu do Império Otomano. A cervejaria Pivnica HS
(Franjevacka, 15) também vale a visita. Tanto quanto para tomar uma cerveja, o
lugar é interessante pelo que significou no conflito: era ali que muitas
pessoas buscavam água em um poço.
Além
da comida boa e com preço acessível, há sempre um detalhe interessante em cada
lugar. No Dveri (Prote Bakovica, 10), estaca-se um quadro.
Uma
foto em preto e branco mostra uma mão já enrugada, em close, segurando quatro
cartas. No lugar de damas e valetes, a cruzes cristã e ortodoxa, a estrela de
Davi e a lua e a estrela islâmica, com a singela frase: “Deus está do nosso
lado”. Outra dica é experimentar os vinhos do país, feitos principalmente em
Herzegóvina. Premiado por lá, o “Blatina Vinogradi Nuic” (cerca de € 20) é degustado
em lugares como a classuda Vinoteka (Skenderija, 12). Com serviço de primeira e
cardápio com quê de Itália, a casa é dona de uma adega com os melhores rótulos
da cidade.
Entre
tantas delícias locais, prove mais uma: o cevabdzinica.
Trata-se de um pão sírio, recheado com creme de queijo fresco,
mini-croquetes de carne e cebola crua picadinha. O melhor local de Sarajevo
para encarar o sanduba é no Zeljo (Kundurdziluk), próximo a praça dos
pombos.
Beleza medieval em Mostar
De ônibus, em duas horas e meia de viagem desde
Sarajevo, chega-se a Mostar, em Herzegóvina, um dos pontos altos do turismo no
país. Passeios saem da capital para lá praticamente todos os dias. Ir de carro
pode sair um pouco mais caro, mas, além de ganhar meia hora no trajeto, ainda
dá para ir parando ao longo do esverdeado Rio Neretva e dar uma espiada na
ponte quebrada de Jablanica.
O
estrago é resultado de um estratégia do general Tito (presidente da Iugoslávia
à época da Segunda Guerra), que ali comandou uma crucial batalha das forças
aliadas. Para despistar os nazistas, Tito mandou bombardear a ponte, impedindo
que os alemães cruzassem o rio. O que eles nem imaginavam é que Tito construiu
uma outra ponte improvisada de madeira, durante a noite, pela qual transportou
4 mil feridos e encontrou as tropas do outro lado. Até hoje a ponte está lá,
destroçada, em memória à batalha.
Depois é só seguir de carro às margens do rio,
emoldurados por parreiras, até a bela Mostar. O símbolo local é a velha ponte medieval (Stari Most), tombada
pela Unesco. Erguida durante o Império Otomano, a construção – ornamentada por
arco de pedras entre duas torres medievais, é mesmo uma maravilha da engenharia
da época.A Stari Most serve de moldura para uma
infinidade de cafés e restaurantes, que ocupam as margens do Rio Neretva, e
também pode ser contemplada do minarete da Mesquita Koski Mehmed Pasha. Seu
topo propicia um dos melhores panoramas do centro histórico, cheio de casa de
pedra.
Durante a guerra
dos Bálcãs, esse cenário medieval ficou em ruínas. Até mesmo a ponte foi
destruída pelos croatas, em 1993, só
voltando a bela forma original em 2004. Parece confuso, já que o inimigo
comum eram os sérvios, o que quer dizer que os bósnios islâmicos e os croatas
católicos lutavam do mesmo lado. Como guerra e coerência não andam juntas, as
duas etnias passaram a lutar também entre si, dividindo a cidade.
Embora
tal divisão não seja aparente, ela se mantém. “Aqui é como Berlim antigamente”,
diz um guia, mostrando um prédio que deveria ser uma escola multiétnica. “Na
realidade, ali há duas instituições, duas entradas separadas e dois diretores”,
explica ele, afirmando que, em Sarajevo, católicos e mulçumanos convivem
normalmente, mas, em Mostar, há limitações.
Somente a 30 quilômetros de Mostar, está o
Medugorje, cidadezinha que, desde 1981, é um importante centro de peregrinação
para os católicos. É que em 24 de junho daquele ano, seis jovens teriam tido
uma visão da Virgem Maria, milagre ainda não reconhecido pelo Vaticano.
Lá, qualquer visita leva à igreja de duas
torres, que ostenta uma estátua da santa perto da fachada e onde os devotos
oram e fazem seus pedidos. Ao lado, centenas de lojinhas vendem imagens,
terços, estátuas e toda sorte de itens referentes à virgem. Outro ponto que
atrai os peregrinos é o topo da montanha em que Nossa Senhora teria sido
avistada, que exige 20 minutos de caminhada para ser alcançada.Não importa se em uma cidade predominantemente
católica, como Medugorje, ou em regiões mais mescladas do país, a exemplo de
Sarajevo, ainda é delicado abordar o tema da guerra. Assim, o melhor é ouvir os
relatos e fazer um “recorte” para tentar encaixar as peças do quebra cabeça.
Fato é que todos os lados (sérvios,
croatas e bosniaks) assumiram seus penosos exageros e estão longe de esquecer o
pesadelo do conflito. Por ouro lado, há o espírito de renovação e a esperança
de futuro bem diferente, que a chegada de mais um turista pode ajudar a
construir. Por todo esse complexo a apaixonante mosaico histórico e sensorial,
está mais do que na hora de pensar em seguir para a renascida - e hoje em paz –
Bósnia- Herzegóvina.
Entenda a Guerra da Bósnia, que se iniciava há 20 anos
Contar a história da guerra da Bósnia não é
fácil e depende sempre da perspectiva de quem a relata: sérvios (ortodoxos),
croatas (católicos) e bosniaks (mulçumanos). Com o declínio da antiga
Iugoslávia, os ânimos nacionalistas ficaram bastante aflorados sob a influência
do líder nacionalista da Sérvia, Slobodan Milosevic, e da Croácia, Franjo
Tudman.
A
Bósnia- Herzegóvina, sob o comando de Alija Izetbegovic, declarou–se
independente da Iugoslávia por meio de um plebiscito, em 15 de outubro de 1991.
Bósnios- sérvios não aceitaram a declaração e formaram um governo paralelo em
Pale, a 20 Km de Sarajevo. O reconhecimento internacional da Bósnia
independente veio somente seis meses depois, em 06 de abril de 1992, mas as
tropas sérvias e parte do exército iugoslavo já haviam sitiado Sarajevo.
Embora Milosevic e Tudman estivessem em guerra
um com outro desde 1991, foi descoberto um pacto entre eles para dividir a
Bósnia- Herzegóvina entre a Sérvia e a Croácia. No entanto, enquanto os
bósnios- sérvios podiam recorrer à Belgrado (capital da Sérvia) e os bósnios-
croatas à Zagreb (capital da Croácia), para os Bosniaks, que se viam somente
como bósnios, só havia Sarajevo.
Foram
três anos de um sangrento conflito. A campanha de limpeza étnica na Bósnia, pretendia
criar uma Sérvia “pura”- a República Srpska-, chocou o mundo. Em Herzegóvina, a
população de origem croata expulsou os sérvios de maneira igualmente brutal. E,
em 1993, o conflito explodiu entre croatas e mulçumanos, atacados pelos croatas
em Mostra e Stolac. Por outro lado, tropas islâmicas também invadiram vilarejos
croatas na região de Travnik.
O fim da
Guerra veio em 1995, com o acordo alcançado em Dayton (EUA) e assinado em Paris
(França). Atualmente o país é dividido em duas entidades administrativas, a
Federação da Bósnia- Herzegóvina (região central e sudoeste do território
bósnio) e a República Srpska (áreas na fronteira com a Sérvia e Montenegro e
braço ao norte da Croácia). Para evitar novos conflitos, o país tem uma
presidência rotativa, entre líderes das três etnias, fiscalizada por uma
comissão da União Européia.
O mais
recente capítulo dessa história é o julgamento do ex-general bósnio-sérvio
Ratko Mladic, pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia, braço
do tribunal de Haia, na Holanda. Iniciado em maio de 2012, ele ainda está em
andamento. Conhecido como o açougueiro dos Bálcãs, Mladic, de 70 anos, é
acusado de genocídio de quase 8 mil homens mulçumanos em Srebrenica, na Bósnia,
em 1995.
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