Eu me arrependi de muitas poucas coisas ao longo desses meus quase 30 anos (aí, que estranho dizer isto!). A maioria são arrependimentos bobos, sem muito significado, como pular a janela enquanto brincava com meu primo de “gato mia” e o deixar lá no quarto escuro por meia hora procurando por ninguém! Ou de descer uma rampa de patins de costas e achar que fosse parar por obra do destino. Ok, também não fiquei feliz por beber tanto numa festa de estudantes em Dublin, dormir e não ver o alarme do prédio ser acionado e a policia chegar. Afinal, perdi a melhor parte da comemoração. Entra para minha lista também um fora aqui, outro ali. Mas uma coisa mexe realmente comigo. E não pode mais ser desfeita.
Meu pai era um cara que não andava de carro. Os motivos não vêm ao caso, afinal isso é um blog e, embora poucos leiam, é uma exposição da esfera privada (blá, blá, blá, bando de teórico chato!) E, não. Ele não pertencia ao Partido Verde ou ao Green Peace, embora isso até fosse possível. Nos últimos dez anos, a única vez que ele entrou num veículo com quatro rodas foi numa ambulância ou para chegar à igreja no dia do meu casamento. Detalhe. Isso depois da família inteira esconder os convites e “esquecer” o endereço da celebração para não correr o risco dele chegar como mais gostava. A pé! Sei o quanto isso deve ter sido difícil.
Fato é que ele se foi. Cedo e a pé, como gostava, mas se foi. E aí que vem a minha irritação. O caixão dele foi carregado até a campa por um carrinho. Tipo aqueles pequenos de golfe, mas não importa. Era um veículo motorizado. E isso me incomoda porque eu deveria ter dispensado aquele motorista e sua ximbica e o levado em mãos. Tudo bem, ele era um cara magrinho, mas ainda assim, estava pesado. Mesmo carregado por oito pessoas. Mas esse não é realmente o motivo para a gente ter deixado ele lá naquela lata velha ambulante. Ao contrário dele, a gente se esforça pra ser normal. E como nos empenhamos em nome dessa tal normalidade. Isso não dá mais para ser consertado. Ninguém morre duas vezes. Acho que nem ele conseguiria essa façanha.
Meu pai era um cara que não andava de carro. Os motivos não vêm ao caso, afinal isso é um blog e, embora poucos leiam, é uma exposição da esfera privada (blá, blá, blá, bando de teórico chato!) E, não. Ele não pertencia ao Partido Verde ou ao Green Peace, embora isso até fosse possível. Nos últimos dez anos, a única vez que ele entrou num veículo com quatro rodas foi numa ambulância ou para chegar à igreja no dia do meu casamento. Detalhe. Isso depois da família inteira esconder os convites e “esquecer” o endereço da celebração para não correr o risco dele chegar como mais gostava. A pé! Sei o quanto isso deve ter sido difícil.
Fato é que ele se foi. Cedo e a pé, como gostava, mas se foi. E aí que vem a minha irritação. O caixão dele foi carregado até a campa por um carrinho. Tipo aqueles pequenos de golfe, mas não importa. Era um veículo motorizado. E isso me incomoda porque eu deveria ter dispensado aquele motorista e sua ximbica e o levado em mãos. Tudo bem, ele era um cara magrinho, mas ainda assim, estava pesado. Mesmo carregado por oito pessoas. Mas esse não é realmente o motivo para a gente ter deixado ele lá naquela lata velha ambulante. Ao contrário dele, a gente se esforça pra ser normal. E como nos empenhamos em nome dessa tal normalidade. Isso não dá mais para ser consertado. Ninguém morre duas vezes. Acho que nem ele conseguiria essa façanha.
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