Esse inverno foi comprido e
persistente. Teimosamente uso o verbo no passado porque ainda tenho a esperança
que ele se vá o mais breve possível. Provavelmente o mais longo que já vivi, ou
sobrevivi, em cinco anos. Voltava semana passada de Erfurt, observando a
paisagem branca de dentro do trem. Logo quando cheguei às gélidas terras germânicas
não entendia como alguém poderia recusar um convite a uma exposição ou a um bom
filme no cinema com o argumento de que estava sol. Ri ao lembrar dessas antigas
indignações de principiante.
Deixei a paisagem de lado e voltei aos relatos de Hemingway (Paris Ein Fest fürs Leben/Paris é uma Festa) sobre sua longa estadia na capital francesa. Estava admirada como ele transforma o que tem de mais comum no dia a dia em narrativas geniais. Bom, ele não seria o Hemingway se não o fizesse. Comentário desnecessário, assumo. Mas ele me tocou mesmo ao mostrar que entendia meu sentimento naquele exato momento dentro do trem. Claro, muito mais poético do que eu mesma poderia expressar:
Deixei a paisagem de lado e voltei aos relatos de Hemingway (Paris Ein Fest fürs Leben/Paris é uma Festa) sobre sua longa estadia na capital francesa. Estava admirada como ele transforma o que tem de mais comum no dia a dia em narrativas geniais. Bom, ele não seria o Hemingway se não o fizesse. Comentário desnecessário, assumo. Mas ele me tocou mesmo ao mostrar que entendia meu sentimento naquele exato momento dentro do trem. Claro, muito mais poético do que eu mesma poderia expressar:
"No outono você esperava se entristecer. Uma parte de você morria todos os anos quando as folhas das árvores caíam e seus
galhos ficavam nus expostos ao vento e a luz gelada do inverno. Mas você sabia que sempre existiria a primavera, como você sabia que o rio congelado voltaria a fluir. Quando a chuva fria permaneceu e matou a primavera, foi como se um jovem tivesse morrido sem razão" (a tradução poderia ser um pouquinho mais trabalhada, mas a ideia é essa).
Sim, a primavera chegará. Com ela a
entrega de teses e diversas horas sentada dentro de uma biblioteca. Quando o sol aparece, a gente por
diversas razões se esconde! O que não seria de nós, se as bibliotecas não fossem
envidraçadas? Ok, nem todas, mas pelo menos a de Erfurt e de Weimar. De início,
achava isso sadismo arquitetônico. Enquanto sentamos lá, observamos as crianças brincarem, estudantes passarem
de bicicleta, conversarem sob as árvores e uma imensidão de pessoas tomarem sol no gramado
florido. Mas não se trata disso. Afinal é melhor que passar o ano inteiro sem
ver as caras do astro rei!
Meus próximos posts serão provavelmente sobre o que vejo através dos vidros da biblioteca!
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