Calma! Para aqueles que não conhecem a família de perto, meu título pode soar um pouco estranho. Na verdade, trata-se de um modo singelo entre os membros do clã Cazzamatta de demonstrar como as mães são importantes. Delicadeza de mamute, sim, assumo. Mas os mamutes também amam suas mães. Explico.
Comprei essa semana um perfume todo cheio de firulas que a matriarca gosta bastante. Comecei então a dar risada sozinha ao pensar como somos tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão próximas. Enquanto eu, eventualmente, uso gotinhas somente atrás do pescoço e nos cotovelos, ela toma um banho de fragrância e costuma me deixar espirrando por uns bons meses.
O mesmo quando se trata de maquiagem. Quando tinha uma festa em São Paulo, ia ao cabeleireiro e pedia um make básico, daquele que esconde as imperfeições, mas nem parece que tem um quilo de massa corrida na sua testa. Ainda assim, voltava para casa me sentindo uma drag queen. E eis que ela olha pra mim e diz: “Pagou pra voltar com essa cara lavada”?.
Ela parece temperamental? Quem a vê dirigir na faixa da direita e ser ultrapassada até pelo busão, não teria essa impressão. Nesse momento sou eu quem grito para ela andar logo e já recebo uma resposta de bate e pronto: “você é a versão melhorada do carcamano do seu avô, né”?
É nesses momentos que usamos o lema: “mãe é bom, mas dura muito”. Também pode ser usado quando você recebe um telefonema bem no meio do trabalho para avisá-la que tem brócolis em casa! Ou quando você continua ouvindo aos trinta, provavelmente também aos quarenta, e até mesmo quando usar bengalas, para tomar cuidado ao atravessar a rua, não beber e dirigir, se alimentar direito, não abusar do álcool e por aí vai!
Às vezes aparecem umas mensagens no meu email perguntando se eu já marquei minhas consultas. Detalhe: eu moro a um oceano de distância! E médico é aquele cara que a gente só procura quando alguma coisa dói. Mas, não. Ela faz todos os check-ups, toma mil vitaminas – ok e depois se enche de picanha, gordura, carne de porco e olha com um nariz torto pelos meus hábitos (saudáveis) de não comer carne vermelha. Já estou imaginando a cara dela dizendo: “retardada”!
Mas nada supera as mensagens no Whats App, perguntando se eu já acendi vela pro meu anjo da guarda. Geralmente tento negociar e peço para ela fazer isso em São Judas pra mim, já que a reza dela é mais forte. E meu anjo meio dorminhoco. Muitas vezes eu acendo também, afinal, sabe como é, quando mãe fala...
De tempos em tempos, ela vem nos visitar. Traz a mala recheada e algumas instruções de antemão: “vamos viajar, mas não vem com essa ideia de visitar um monte de museus, só pensa em museu”. Nessas horas, quando meu repertório de “mãe é bom, mas dura muito” chega aos limites, também uso um “Jesus te Ama” (sarcasmo pra quem não sacou que de evangélicos não temos nada). E ela responde entrosada como nunca: “só ele também”.
Parece estranho, mas é esse entrosamento que a gente não perde. E é nisso que está a beleza do “mãe é bom, mas dura muito”. Mesmo com as nossas diferenças, é ela quem apóia todas as minhas decisões, mesmo sem entendê-las por completo; torce por mim em qualquer circunstância e me chama de “orelha” quando eu não sigo a praticidade dela.
E como não estou em casa pra comemorar o dia das mães, vou abrir um vinho pra celebrar por aqui... E como elas “duram muito”, acho que o ritual vai persistir.
Jesus Te Ama!
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