Pokemon - Weimar, Alemanha |
Pokemon, na Schillerstraße, Weimar |
Mas sério, o tal do Pokémon ultrapassou o número de downloads do Tinder e teve mais procuras no google que sites de pornografia. Então, por razões estritamente antropológicas (e a pressão do maridão com um pé no mundo nerd), fiz o download da bagaça! Sim, na casa dos trinta, eu sai de casa sábado cedo para caçar pokémons! Nessa idade, minha mãe tinha uma filha de 15, casa e carro comprados, um marido adoecido para cuidar! Anais Nin já tinha escrito páginas de diário, conhecido Henry Miller e armado um baita troca-troca! O Einstein já tinha apresentado ao mundo a relatividade geral.... E eu? Caçando Pokémon. Essa geração Y não toma jeito!
Para quem ainda não leu nada sobre o assunto, o troço funciona assim: é preciso sair pela cidade, procurando pontos de pokebolas, escondidos em praças, monumentos e edifícios históricos. Nessas bases pegamos as tais redondas para acertar em diversos monstrengos e, assim, vamos ganhando pontos.
A ideia não é de tudo tão mal. Pensa naqueles moleques tipo geleia preguiçosa, que não sai do sofá para nada! É preciso se movimentar, caminhar, perambular pela cidade. Além de conhecer lugares em que normalmente não prestamos atenção. Com o bendito app, descobri em Weimar não só o túmulo da esposa da grandioso escritor alemão – o Goethe –, como também um grafite do Dom Quixote NA FRENTE do supermercado onde faço compras toda semana.
Sabe tipo Amelie Polan tirando fotos de gnomos em diversos pontos turísticos pelo mundo? Então! Só não sei como isso rolaria em grandes metrópoles por aí a fora. Como uma criança sairá em São Paulo caçando Pokémons no meio do trânsito caótico? E os desavisados que forem procurar monstrengos nas vielas erradas do Rio de Janeiro? Pense essa busca em Mumbai, Bogotá, Nápoles ou em uma medina estreitíssima do Marrocos.
Agora no Marktplatz, Weimar |
Com meu avatar CazzaMattaMon (sacaram?), alcancei o nível cinco! Foram três horas de caminhada e zunzunzum por Weimar, pegando bolas e atirando-as em Pokémons. É viciante e peculiar. Você esquece do mundo a sua volta, vê a cidade pela lente do telefone. Uma espécie de “blow up” pós moderno. Entrei em um shopping porque o mapa marcava um ponto de recarga. Um grupo de adolescente exclamou “os caçadores de pokémons”. Continuamos entre idas e vindas até chegar ao centro. Lá tinha uma mega base, onde ocorriam grandes batalhas. Encontramos um grupo de orientais, todos com celulares em mãos, vidrados com o enfrentamento. Não encarei o desafio. Ainda preciso aprender como fortalecer os bichos. Vou trocar uma ideia com meu priminho (o carcamaninho) para ver se ele me dá umas aulas de Pokémon. O pequeno manja!
Até no café ACC em Weimar |
Cansada, saímos para tomar um café. Off-line, claro! Até que nos olhamos e a pergunta veio quase que instantânea. Será que tem Pokémons por aqui? Os maleditos aparecem então na sua xícara, ao lado da mesa do restaurante e começa a povoar nosso imaginário. Também é uma grande lição de desprendimento. Você se importa com que as pessoas pensam de você? Então desencana, porque parecemos uns tapados, imersos nesse mundo paralelo e, pior, fazendo poses para sair no retrato com seu Pokémon favorito.
E o Adorno implicava com o singelo cineminha!
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