A Alemanha está cheia de cidadezinhas termais conhecidas pelo termo Kurort, como o vilarejo de Bad Sulza, na Turíngia, a 36 minutos de Weimar. Embora essa Dorf (como os alemães chamam um minúsculo município) fique escondidinha e quase imperceptível, ela abriga duas coisas imprescindíveis para um inverno para lá de relaxante — complexos termais e vinícolas. Na real, Bad Sulza está ao norte da região vinicultora de Saale-Unstrut, mas na prática ela pertence também ao pedaço (para conferir mais algumas atrações dessas redondezas clique aqui). Na Thüringer Weingut Bad Sulza, por exemplo, comandada pelo enólogo Andreas Clauß e sua família, é possível se juntar a deliciosas e divertidas degustações. Mas isso será tema do próximo post. O assunto agora é sobre a dona do pedaço, a rainha dos tibuns — Toskana Terma.
O New York Times classificou esse templo dos banhos turíngicos como um entre os cinco melhores lugares do mundo para nadar. Tudo bem, isso foi em 1999, mas ainda assim é um indicativo do que está por vir. Eu que adoro um chuá diferentão (seja as termas de Budapeste ou os Hammans marroquinos) fiquei bastante impressionada com a infra. O ambiente é lindão, mas isso já dá para sacar pelas fotos. É possível pagar a entrada por um dia ou se hospedar nos hotéis do complexo. Vantagem? Seguir direto do quarto para as piscinas sem passar frio! Mas vamos ao que interessa.
Águas de salmoura são ótimas para a saúde e os problemas pulmonares. Para quem conhece meu histórico catarrento, entende porque estive no lugar ideal para limpeza de todos os destroços ranhentos! Entre todas as opções de piscinas aquecidas, duas são para lá de especiais. A primeira te leva para um ambiente externo, após passar por uma cortina de plástico. O que significa que você pode nadar na água quentinha, enquanto neva lá fora e ainda checar o visual de montanhas naturais e pinheiros aos arredores. E nem precisa congelar pra sair de lá. É só voltar pela água mesmo até o ambiente interno. A segunda opção é a piscina escura e silenciosa. Um espaço reservado para as pessoas boiarem, com as orelhas atentas dentro do líquido, ouvindo música clássica. Do lado de fora, luzes multicoloridas dão o tom de calmaria ao ambiente. Puta vibe xarope! Dá mesmo para entrar em transe. Há até uma programação, com entrada à parte, por 30 euros, só para o show aquático de luzes e concerto embaixo das águas.
O complexo de saunas também é colossal e cheio de opções deliciosas. Para quem não está acostumado com o ritual germânico, clique aqui para não se pego de surpresa com o choque cultural. Só pra resumir, fica todo mundo sem roupa. O espaço é separado das piscinas, e é estritamente proibido entrar com celulares ou máquinas fotográficas. Mas de volta ao complexo. São inúmeras saunas. Na panorâmica, do estilo finlandesa (90 graus), passamos calor, mas com uma parede toda envidraçada que descortina toda a paisagem do lado de fora. Não basta suar, é preciso de visual: montanhas, uma piscina geladérrima ao ar livre, e esbaforidos se jogando lá dentro depois de quinze ou vinte minutos de quentura. Tem também a Weinbergsauna (70 graus), decorada com barris de vinhos. Embora o mais legal é que, de tempos em tempos, a equipe local entra com bandejinhas de aperitivos, prosecco e sucos regionais. É bom não abusar porque a sauna exige do corpo, mas uma degustada não faz mal a ninguém, certo?
Outra sauna para lá de peculiar, é a da leitura. Esta tem temperaturas mais amenas, em torno de 45 graus, e uma prateleira bem no meio com jornais do dia, livros e revistas. Além da iluminação necessária e não aquela meia luz relaxante. Há quem prefira as saunas úmidas, com vapor de eucalipto. E enquanto respiramos, o teto com pontinhos de luz em forma de estrela mudam de cor, em uma espécie de tratamento cromoterápico. De hora em hora, até as dez da noite há o famoso e tão esperado Aufguss, com aromas de eucalipto, laranja ou lavanda. É nesta hora que as saunas ficam mais cheias. Um profissional entra com um balde de água quente aromatizada e joga sobre as pedras ferventes da sauna. Quando sobe aquele vaporzão escaldante, o sujeito chacoalha uma toalha na direção do seu publico em sudorese, elevando ainda mais a temperatura. O processo é repetido por três vezes. Depois, todos pulam na piscina gelada para dar o barato do choque da troca brusca de temperatura. (Cuidado com a pressão e os excessos. Pode causar desmaio. Experiência própria).
Depois desse processo, a ideia é se deitar naquelas espreguiçadeiras, cobrir os pés e se esquentar novamente. Nesse quesito, a Toskana também não deixa a desejar. Há além das típicas cadeira de descanso, barracas, tipo iglus, com colchões e projeções luminosas para relaxar. E, claro, há sempre um barzinho por perto com chás, sucos, vitaminas e outras bebidas para hidratar.
Para os mais mimados, tem as opções das termas associadas ao programa de Wellness. O Toskana-Tag (155 euros) oferece café da manhã com Sekt (espumante alemão) no louge, a entrada diária para o complexo, peeling corporal com massagem e loção hidratante, bebidas para refrescar, massagem asiática nos pés, além de chá, café e bolos. Relax total.
Nenhum comentário:
Postar um comentário