terça-feira, 14 de junho de 2011

Berlim vista e vivida pelos olhos do mundo

A experiência de ser estrangeiro em Berlim virou arte em nova exposição na capital alemã, conhecida pela reputação criativa, dinâmica e cosmopolita. “Based in Berlin”, em cartaz até o dia 24 de julho em cinco pontos diferentes, reúne cerca de 80 artistas que escolheram a metrópole para viver. 


O evento ocorreu entre duas importantes aberturas da cena artística europeia – a 54º Bienal de Veneza, em 8 de junho, e a 42º edição da feira Art Basel, com início no dia 15 deste mês – e convida visitantes de todo o mundo a checar o que há de melhor no circuito berlinense. 


O projeto foi impulsionado pela ideia inicial do prefeito Klaus Wowereit de fazer um pavilhão de arte para Berlim, assim como o Centre Pompidou em Paris. Porém, muitas instituições artísticas sentiram-se preteridas e alguns artistas, por sua vez, instrumentalizados pela política. A oposição desses grupos, aliada aos altos custos da proposta, fez com que a construção fosse deixada de lado. 


Desde novembro de 2010, o grupo visitou mais de 500 ateliês em Berlim e recebeu 1.250 portfólios. Ter residência na capital alemã – daí o nome da exposição – e ser um artista “emergente” foram requisitos que influenciaram os critérios de escolha. A impressão é que o projeto pretende apresentar ao mundo os talentos de amanhã. “Nós queremos criar uma concentração temporal-espacial, condensar muitas atividades artísticas a fazê-las acessíveis a uma grande audiência”, afirmaram os curadores. 

Produto desta intensa discussão, “Based in Berlin” mantém acesa a polêmica sobre o possível pavilhão de arte berlinense. Com um custo aproximado de 1,4 milhão de euros, a exibição teve três conselheiros renomados, o que reforça ainda mais seu peso político. São eles o alemão Klaus Biesenbach, diretor  do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), o suíço Hans Ulrich Obrist, da Galeria Serpentine em Londres e Christine Macel, do Centre Pompidou. Eles foram responsáveis pela escolha dos cinco curadores, que encabeçaram a seleção dos artistas. 


Neste aspecto, eles foram bem sucedidos. A programação abrange não só pinturas, desenhos e esculturas, mas também filmes, fotografias, vídeos, textos, performances e instalações, além de workshops e debates. O foco central da exposição está no Ateliê Monbijou, no Mitte, região central de Berlim. Esta será a última exibição do espaço de 1.500 metros quadrados antes da sua demolição em agosto. 


Artistas em ação 


É na casa Monbijou que está, por exemplo, a instalação de três canais de vídeo de Köken Ergun. Trata-se de 12 minutos de imagens de casamentos turcos em Berlim. Nascido em 1976 na Turquia, o artista é um tipo que se pode chamar de cosmopolita. Ergun estudou design de comunicação e teatro em Londres e Istambul e hoje divide um ateliê com outros colegas entre os bairros de Neuköhln e Kreuzberg. 

A dançarina sueca Helga Wretman também escolheu Berlim como sua casa, onde trabalha atualmente como dublê e mora como a maioria de seus pares no bairro de Neuköhln, uma das regiões preferidas pelos artistas ao lado de Moabit e Kreuzberg. O que eles têm em comum, além de apresentar suas obras no “Based in Berlim”? Todos adoram a charmosa improvisação berlinense.  

Para Opera Mundi, 13.06.2011
Em:http://operamundi.uol.com.br/dicas_ver.php

(Regina Cazzamatta, de Berlim) 

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