É difícil fazer a vida caber em uma mochila. Ainda mais quando se envelhece. Ao sair de casa há dez anos, enchi duas malas e segui viagem. Na verdade, deixei com muito zelo tudo que estimava na casa da minha mãe. Levei coisas que poderiam ser deixadas pelo caminho, sem importância. Com o passar dos anos, era até interessante visitar o Brasil e reencontrar objetos que eu mal lembrava da existência no meu dia a dia. Deixei-os guardado porque um dia foram importantes. CDs dos meus dezesseis anos, agendas da adolescência cheias de sonhos e intrigas, vestidos longos de festas antigas, textos da faculdade, livros, retratos do primeiro mochilão, bichos de pelúcia, presentes antigos.