domingo, 20 de agosto de 2017

Crise da meia idade

I-Stock Fotos
Apesar do título, esse post tem a ver com música e não necessariamente com crise existencial. Mas vá lá. Depois de semanas sem conseguir comparecer na yoga (conferências, visitas, férias, trabalho), voltamos mais cedo para casa para não perder a próxima seção de ginástica no outro dia, às 10h da matina. Saímos do bar aqui pertinho, numa noite de vernissage com música ao vivo e retornamos comportadamente ao nosso aconchego do lar.

Durante o jantar típico de um casal maduro e responsável (massa e vinhozinho) estávamos inconformados com uma brincadeira do facebook sobre o quanto conhecíamos a letra da música “Evidências” (Chitãozinho e Xororó). Por mais que você odeie, a canção ressurge das trevas de um inconsciente dos nossos antepassados... Como nosso lado mais obscuro que tememos conhecer – “e nessa loucura de dizer que não te quero, vou negando as aparências, disfarçando as evidências” (qualquer coisa próxima disso)! Fomos checar as passagens, caímos em outros “hinos nacionais” tipo do “fio de cabelo no paletó”, “nuvem de lágrimas”, “majestade o sabiá” e daí a coisa desandou. 



Uma espécie de brincadeira de casal. “Ah, conta aí alguma coisa que você ouvia antes de nos conhecermos”. Rebobinei a memória e cheguei no “Plut Plat Zum” (Carimbador Maluco), mas sabia que não era bem essa a pergunta. Tinha que ser canções de uma fase que eu já tivesse idade pelo menos para usar um sutiã. Apareci com “Self Esteem” do Offspring.... Até tive uma fase Nirvana, mas vou deixar de lado para não ser xingada pelas amigas mais próximas que tiveram que aguentar minha paixão pelo Kurt Cobain (de nada!). Ele me apareceu com Green Day. Até aí, passa, né? Umas tiradas do baú á la Aerosmith, “Patience” do Gun´s até que começamos a competir quem iria ser mandado dormir no sofá primeiro.




Peguei o celular escondido e preparei uma mini playlist do horror, que toda galera da minha geração conhece. Veja bem, em comparação, Alanis Morissette e Bon Jovi seriam de alto nível. Revelar um caso do passado seria menos pecaminoso que essa lista de músicas! Só não temia que a resposta viria pior! Truquei e ele chamou seis.

Comecei com um “Because the Night” (calma, não a original da Patti Smith, mas uma versão  das Melhores da Pan de uma tal de Taleesa!!!!) e segui com um “Please Don’t Go” do Double You (sim, atirem a primeira pedra!). Primeira Observação: devo desculpas a minha pequena prima por toda vez que a sacaneei por ouvir Restart. Segunda Observação: penso como meu tio que colecionava discos do Led Zeppelin não sofreu ouvindo esse poperô bizarro dos sobrinhos em fase de crescimento! Não basta ser tio, tem que participar!



E aposto que você ainda fazia esse passinho aqui, olha (devia ter feito um vídeo da performance) – diz o Rô. 
Nem... nessa idade nem na matinê eu podia ir! Eu ainda escondia minha lancheira da Barbie (ou da Turma da Mônica?) da galera! 
Depois desse comentário, surgiu um “Barbie Girl” (Aqua) e um:
- Double You raiz é isso aqui oh: “Run to Me”. 




Lembrei de uma amiga da terceira série (oito, nove anos?) que era proibida pelos pais de ouvir “As Melhores da Pan”. Acho que os caras estavam certo, viu?

Esse jogo continuou até às 3h da matina – “People talk”, “Sweet Dreams”, “There is a Party”, “Scatman (ski-ba-bop-ba-dop-bop)” - mas se fizer como o primor aqui de casa é só procurar no google por “pi pa pa pa ro po”!!!!!!! Até acabar na poperô original “Pump Up the Jam”. É tão ruim, mas tão bom ao mesmo tempo, pois te leva a épocas sombrias da infância bizarra no começo dos  anos 90. Sabe quando seus pais se transformam em seres estranhos e abduzidos ouvindo “Bee Gees” na pista de dança da sua formatura? Tipo em um tempo em que eles existiam antes de você?  E a noite termina em tom de preocupação:




Rê, você vai deixar seu robô maluco. 
Que robô, Rô?
O que vai sugerir sua mix tape semanal!
Merda. 
Melhor dormir ou voltar pro "Plut Plat Zum" para coisa não piorar.

Moral da história: envelhecer é:
1. Voltar para casa cedo em um sábado à noite para não perder a yoga de domingo 
2. Escolher um vinho decente que caia bem com seu mezzaluna de abóbora
3. Não ter mais medo de queimar seu filme em público (e nunca mais poder trabalhar numa editoria de música)
4. Dançar poperô na sala até às 3h e perder a yoga anyway!

Ps.: Pelo menos tirei da cabeça essas evidências!
Ps.2.: Tive que passar a tarde na exposição do Pink Floyd para desintoxicar. Mas isso é coisa pra outro post. As fotos estão no Insta @cazzamattar 


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