quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Norte da Alemanha: “Fischmarkt”, o mercado de peixes em Hamburgo

É uma decisão bem pessoal. Acordar ultra cedo no domingo ou permanecer a madrugada de sábado de olhos abertos e seguir direto para o Fischmarkt. Seja qual for a opção, o importante é ir. A feira, na região portuária, no bairro de St.Pauli, começa à 5h da matina no verão e vai, oficialmente, até às 9h30. Uma tradição em Hamburgo desde 1703, que atrai 70 mil pessoas (turistas e locais) todas as manhãs dominicais.

Hall do Fischmarkt: música, cerveja e peixes
Para os mais céticos, vale uma passadinha nem que seja para observar o movimento. Há de tudo um pouco. Desde aquelas vovós com carrinhos de feira e meias marrons contra varizes, até a galera estragada que virou a noite na esbórnia da Reeperbahn. Alguns estão cambaleando pelas barraquinhas de roupas, bolsas, souvenires e frutas. Outros ainda continuam na cerveja, ouvindo a banda dentro do hall principal. Tem um pouco o clima gastronômico do mercadão em São Paulo, mas com uma pegada mais boêmia.

No saguão interno, onde  rolam as bandas, há barraquinhas com diversas opções para petiscar. Precisei tomar um café preto com waffle para avisar o cérebro que já estava acordada, para só depois encarar um sanduba cheio de camarões e maionese. Nada contra aos frutos do mar, muito pelo contrário, mas às 9h da manhã requer coragem. No andar de cima, há um brunch bastante disputado, com uma baita fila. Custa quase 40 pilas por pessoas, mas há uma avalanche de comida e dá para ficar olhando o movimento, sentadinho lá de cima.
Dez euros por essa cesta inteira! 
Do lado de fora, voam bananas, maçãs e melancias. Lá pelas 10h, quando já está para lá da hora de terminar, os feirantes começam a berrar e vender a fruta da Magali por um euro. Olhei aquilo e não pude deixar de pensar em uma amiga que cresceu na Alemanha Oriental e teve sua infância marcada pela falta de melancias! Cestas gigantes de frutas são vendidas por dez euros. É muito barato pela quantidade de coisas, mas impossível para quem mora sozinho. Pode parecer bobagem, ainda mais para os que cresceram em um país tropical. Mas fiquem uns bons anos na Alemanha comendo manga sem gosto por cinco euros a unidade para ver se uma cestona dessa não impressiona! E as saladas de frutas cortadinhas, prontas e baratas?
Tudo o que se acha no Fischmarkt
Prometi nunca mais fazer supermercado e só ir comprar alimentos fresquinhos por lá. É assim que a gente percebe que está ficando velho. A preocupação não é mais achar uma tranqueira gordurenta que cure ressaca, mas sim alimentos saudáveis e sem agrotóxicos que garantam a necessidade diária de vitaminas para que minha cachola continue produzindo bem. Tenho quebrado a promessa todos os fins de semana. Foi a primeira e última vez que levantei!
Mas uma outra baita motivação é o carrinho de peixes e frutos do mar. Eles vendem tudo de mais bizarro que vem do oceano, mesmo. É um pedacinho da Galícia, cheio de crustáceos fresquinhos (raridade na Alemanha). Fui só pegar uma cestinha de mexilhões para cozinhar no vinho branco e comer com batatas fritas à lá em Bruxelas, mas sai com 500g de navajas. Vendo minha cara de felicidade, o peixeiro já muito do experiente foi negociando, negociando, até eu levar a rede cheia dos bichinhos. Para quem não tem a obrigação de ir, como donos de restaurantes, por exemplo, é um programa legal de conhecer.
Navajas, que foram parar na panela de água fervendo


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