Para não criar falsas expectativas, é preciso
avisar de antemão. Não se trata de um post sobre a capital da República Tcheca
e seu charmoso relógio astronômico. Refiro-me aqui a Praga, de Varsóvia. Sim,
um excêntrico bairro, cheio de mistérios e esquisitices. A área é muitas vezes
ignorada pelos turistas, embora seja somente uma estação de bonde do centro
histórico, bem do outro lado do rio Vístula. Por lá se vê a vida da cidade como
ela é, ou era!
Aqui estão
algumas imagens da pobre, mas charmosa e cheia de personalidade Praga:
http://pekuliaridades.blogspot.de/2013/08/praga-em-varsovia.html
http://pekuliaridades.blogspot.de/2013/08/praga-em-varsovia.html
Perambular
por suas ruas é como estar no set de gravações do Polanski em o Pianista. As
marcas de balas ainda estão nos prédios, de paredes escurecidas e antigas,
especialmente na rua Zabkowska. Embora haja um quê de abandono, sempre cruzamos
com passantes de olhares curiosos, muitas vezes também hostis. Aconselha-se
evitar os pátios das construções e becos durante à noite, mas antes do sol
bater o cartão na saída, bisbilhotar esses esconderijos urbanos é uma
experiência peculiar. Em diversos pátios há um altar com uma Nossa Senhora
Aparecida. Bem brega, daquelas com acolchoados e luzinhas colorida em volta.
Haja fé para tanta estética de mau gosto. Acesa, claro, para iluminar a vida de
todos que entram e saem.
Apesar do
aspecto “caído”, porque ainda não dá para chamar de underground, Praga é o
lugar para se estar. Lá estão os bares e baladas mais bem cotados de Varsóvia,
freqüentado pelos poloneses baladeiros, além da marcante presença de artistas
que não conseguem manter suas galerias nos bairros mais nobres. Mas também não dá
para criar muita esperança. A coisa ainda está longe de ser (o que era)
Montmartre, Brooklyn ou Prenzlauerberg. Embora a biografia do bairro caminhe na
mesma direção que seus primos descolados em outras capitais.
Hoje,
nos portões de uma antiga fábrica de vodka, de tijolinhos vermelhos, já há
anúncios de financiamento de lofts e escritórios. O que acontecerá com a balada
lá dentro (que esquisitamente tem cadeiras de dentistas num quarto sombrio) e o
galpão todo bacana - um misto de ateliê com mercado de pulgas cheio de
bugigangas-, ninguém sabe. É como estar diante da Kulturbrauerei, em Berlim, só
que com muito mais improvisação.
Entre muros e paredes pichadas, o ideal é
terminar a noite no bar Absurdu. A
casa serve os drinks mais fortes (muitas vezes picantes da cidade). Se eu tiver
coragem, ainda postarei minhas caras e bocas durante a degustação de uma vodca
com pimenta tabasco. Depois da virada é que vem o retrogosto para soltar fogo
pelas ventas! Com o efeito, deixamos até de nos importar que a mesa, na
verdade, é uma tábua de máquina de costura, com a engenhoca fincada bem no
meio, o que atrapalharia um “escravos de Jó” com os shots de vodka. Mas isso é
só um detalhe.
E ao sair
arrependido da bebedeira, dá sempre pra pedir um perdão para a nossa senhora
que ilumina o trabalho do Barman. É sério! Se a fila estiver grande, não se
preocupe, há outros oratórios perto do banheiro!
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