sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Praga de Varsóvia — o bairro alternativo da capital da Polônia


                 Para não criar falsas expectativas, é preciso avisar de antemão. Não se trata de um post sobre a capital da República Tcheca e seu charmoso relógio astronômico. Refiro-me aqui a Praga, de Varsóvia. Sim, um excêntrico bairro, cheio de mistérios e esquisitices. A área é muitas vezes ignorada pelos turistas, embora seja somente uma estação de bonde do centro histórico, bem do outro lado do rio Vístula. Por lá se vê a vida da cidade como ela é, ou era!
                   Aqui estão algumas imagens da pobre, mas charmosa e cheia de personalidade Praga:
http://pekuliaridades.blogspot.de/2013/08/praga-em-varsovia.html
                Perambular por suas ruas é como estar no set de gravações do Polanski em o Pianista. As marcas de balas ainda estão nos prédios, de paredes escurecidas e antigas, especialmente na rua Zabkowska. Embora haja um quê de abandono, sempre cruzamos com passantes de olhares curiosos, muitas vezes também hostis. Aconselha-se evitar os pátios das construções e becos durante à noite, mas antes do sol bater o cartão na saída, bisbilhotar esses esconderijos urbanos é uma experiência peculiar. Em diversos pátios há um altar com uma Nossa Senhora Aparecida. Bem brega, daquelas com acolchoados e luzinhas colorida em volta. Haja fé para tanta estética de mau gosto. Acesa, claro, para iluminar a vida de todos que entram e saem.
               Apesar do aspecto “caído”, porque ainda não dá para chamar de underground, Praga é o lugar para se estar. Lá estão os bares e baladas mais bem cotados de Varsóvia, freqüentado pelos poloneses baladeiros, além da marcante presença de artistas que não conseguem manter suas galerias nos bairros mais nobres. Mas também não dá para criar muita esperança. A coisa ainda está longe de ser (o que era) Montmartre, Brooklyn ou Prenzlauerberg. Embora a biografia do bairro caminhe na mesma direção que seus primos descolados em outras capitais.

                 Hoje, nos portões de uma antiga fábrica de vodka, de tijolinhos vermelhos, já há anúncios de financiamento de lofts e escritórios. O que acontecerá com a balada lá dentro (que esquisitamente tem cadeiras de dentistas num quarto sombrio) e o galpão todo bacana - um misto de ateliê com mercado de pulgas cheio de bugigangas-, ninguém sabe. É como estar diante da Kulturbrauerei, em Berlim, só que com muito mais improvisação.

                   Entre muros e paredes pichadas, o ideal é terminar a noite no bar Absurdu.  A casa serve os drinks mais fortes (muitas vezes picantes da cidade). Se eu tiver coragem, ainda postarei minhas caras e bocas durante a degustação de uma vodca com pimenta tabasco. Depois da virada é que vem o retrogosto para soltar fogo pelas ventas! Com o efeito, deixamos até de nos importar que a mesa, na verdade, é uma tábua de máquina de costura, com a engenhoca fincada bem no meio, o que atrapalharia um “escravos de Jó” com os shots de vodka. Mas isso é só um detalhe.
                 E ao sair arrependido da bebedeira, dá sempre pra pedir um perdão para a nossa senhora que ilumina o trabalho do Barman. É sério! Se a fila estiver grande, não se preocupe, há outros oratórios perto do banheiro! 

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