sábado, 13 de agosto de 2011

Muro de Berlim: alemães lembram os 50 anos da construção da barreira

Meio século atrás, durante a madrugada do dia 12 para 13 de agosto de 1961, policiais e soldados da antiga RDA (República Democrática Alemã) bloquearam as fronteiras entre Berlim Ocidental e Oriental com cercas de arame farpado. Começava a construção do Muro de Berlim, de 160 quilômetros, que dividiu a capital por 28 anos. Desde a criação da RDA, em 1949, até o bloqueio oficial das fronteiras, 2.686.942 pessoas fugiram para Berlim Ocidental. Após o início da construção do muro, outras 51.624 partiram. 

Schirner Pressebild-Agentur 
Construção do muro no setor fronteiriço Linden- Ecke Zimmerstraße (18/08/1961)

Para relembrar o episódio, dezenas de exposições, festivais, apresentações, filmes e debates temáticos tomam conta da capital alemã no mês de agosto, em uma parceria das organizações Stiftung Berliner Mauer e Landesgesellschaft Kulturprojekte Berlin GmbH. Os 24 painéis com imagens em preto e branco do Muro de Berlim, por exemplo, espalhados em 19 pontos do centro da capital alemã, até 28 de agosto, não passaram despercebidos pelos moradores e visitantes da cidade. 

“Queremos pensar nas vítimas e lembrar daqueles que carregam a responsabilidade pelas mortes. Ao mesmo tempo recordamos o forte sentimento de pertencimento entre os berlinenses, mantido mesmo durante a separação”, disse o prefeito de Berlim Klaus Wowereit, durante a vernissage em 15 de junho. A data para a abertura da mostra a céu aberto não foi coincidência. 

Jürgen Homuth/Stiftung Berliner Mauer
Exposição externa do Memorial do Muro de Berlin, onde antigamente passava a barreira 

Praticamente todos os bairros da cidade têm algo a oferecer. O memorial de refugiados Marienfeld, no bairro de Tempelhof-Schöneberg, inaugurou a exposição “Desaparecidos e Esquecidos. Campos de Refugiados em Berlim Ocidental”. Em cartaz até 30 de dezembro, a exibição retrata como funcionava os mais de 80 campos de refugiados, a vida dessas pessoas e a Berlim do pós-guerra. Na antiga torre de controle chamada Schlesischer Busch, exatamente na fronteira entre os bairros de Kreuzberg e Treptow, uma coleção de imagens mostra, somente nos dias 13 e 14 de agosto, fatos históricos anteriores e posteriores ao muro. 

Já o Museu de História da Alemanha, no centro de Berlim, expande a temática para o continente dividido e mantém em cartaz até 03 de outubro o trabalho dos fotojornalistas alemães Thomas Hoepker e Daniel Biskup, com retratos desde a construção do muro até o fim do socialismo real. São 280 fotografias reunidas sobre o título “Sobre a Vida” (Über Leben, em um jogo de palavras com überleben, isto é, sobreviver). Hoepker, que nasceu em Munique, em 1936, retrata o estilo de vida da RDA de 1959 a 1991. 

Thomas Hoepker 
Criança no muro de Berlim, Berlim Ocidental (1963). Na placa: "vá embora, setor soviético" 

Em contraposição, Biskup, nascido em Bonn, em 1962, clicou os momentos de ruptura social não só na Alemanha Oriental, mas também na União Soviética e na antiga Iugoslávia. Ainda com a data em mente, o museu desenvolveu uma segunda exposição especial. Há 20 anos, a curadoria reúne e coleciona fotos da história e dos hábitos de vida no país. Cerca de 250 imagens dos últimos anos do século XIX até o fim da RDA em 1990 estão expostas de modo cronológico, intituladas como “O Século XX – Pessoas, Lugares, Tempo”. Hoje, a entrada será gratuita para ambas exposições. 

Exatamente na mesma data, a cidade de Berlim, acompanhada do prefeito Wowereit, se reunirá das 10h às 19h em torno do Memorial do Muro de Berlim, na Bernauerstraße, na divisa entre Mitte e Wedding, para diversas atividades. O espaço que tradicionalmente exibe fotos e uma vasta gama de documentos sobre o Muro de Berlim, ampliará a área externa de exposições. 

Grenzläufte e.V. 
Antiga Torre de Controle Schlesischer Busch, em Berlim 

Para aqueles que desejam entender como era viver em uma cidade dividida, as artistas Tamiko Thiel e Teresa Reuter fizeram uma reconstrução virtual de parte da barreira de concreto. Por meio de técnicas de realidade virtual como simulação, animação, viagem no tempo e interação, visitantes podem curtir a criação até 28 de agosto, no espaço de artes Bethanien, em Kreuzberg.  Outro projeto das artes visuais é o Cinema de Fronteira de Berlim, que exibirá filmes com essa temática em diversos pontos da cidade. O cinema de fronteiras trazia para as telas problemas como as fugas berlinenses, a vida no pós-guerra, assim como a propaganda da Guerra Fria, mas desapareceu subitamente após a construção do muro e até hoje ainda é pouco difundido. 

Há também uma exposição na Galeria Zero, em Kreuzberg, a partir do dia 13. No acervo, fotos, pôsteres de filmes, trechos de algumas películas e entrevistas. Intitulada como “Vibrações na Cortina de Ferro – A História do Cinema de Fronteiras de Berlim 1950-1961”, a mostra pode ser vista até 13 de setembro. De 02 a 09 de setembro, o cinema Arsenal, na Potsdamer Platz exibirá filmes do gênero. Na lista constam títulos como No Ocidente nada Novo, Um Romance de Berlim e Ela dançou somente um verão. 

Regina Cazzamatta para Opera Mundi: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/MURO+DE+BERLIM+ALEMAES+LEMBRAM+OS+50+ANOS+DA+CONSTRUCAO+DA+BARREIRA_14207

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