domingo, 17 de abril de 2011

O sentimento da volta (por Rodrigo P. Macedo)


        Semana passada fomos a Berlim assistir ao show do Belle & Sebastian. Se considerarmos que Postdam, onde moramos de Janeiro à Março, é praticamente “grande Berlim”, fazia apenas uma semana e meia que tínhamos deixado a região rumo a Weimar. Mesmo assim, a sensação de re-visitar um local é bastante interessante. Caminhar novamente pela estação central, andar pelas linhas de metro e rever monumentos mata a saudades, mas também traz uma certa nostalgia e outros sentimentos difíceis de explicar. 
         O mesmo aconteceu quando recebemos a visita da mãe e sogra (ou vice-versa) e fomos para Leipzig. Após um ano, caminhar pela neve na feirinha de natal da praça central nos fez relembrar nossos primeiros dias em solo germânico. Para descrever então as idas ao Brasil, a coisa se complica ainda mais. Estamos indo ou voltando? Visitar o próprio lar? E depois se sentir em casa quando o avião pousa na Alemanha, mas ainda assim ter saudades de casa? 
       Retrocedendo mais um pouco no tempo, ainda em Leipzig, re-visitamos Praga. A primeira viagem à capital da República Tcheca, em 2005, foi nossa primeira experiência mochileira. O alfabetos nem era tão diferente, mas todo o leste europeu soava como uma grande aventura na época. Mal sabíamos o que nos esperava alguns anos depois em Moscou e Marrocos. Aliás, estes dois lugares já fazem parte da lista “re-visitar”. Assim como Dublin, que com certeza ocupa uma das primeiras posições neste ranking.
         O duro é que quanto mais itens a gente risca dos “lugares a conhecer”, mais pontos aumentam na lista “re-visitar”. E pensar sobre todos esses locais gera ainda assunto para longas conversas e sonhos. Qual seria a nossa sensação ao, velhinhos e aposentados, passear pela Morsestraße em Berlim e observar o prédio número 5? 
       Com certeza uma cidade que entrará na lista da nostalgia será Weimar. Ainda estamos conhecendo a região e o passeio deste final de semana foi no campo de concentração de Buchenwald. Do lugar não há muito o que descrever, além da tristeza também presente em Sachsenhausen e Auschwitz. Por coincidência, chegamos durante a comemoração dos 66 anos de libertação do campo. Assim, a grande questão que ficou martelando na nossa cabeça durante toda a visita foi: o que sente o sobrevivente 31572 ao re-visitar Buchenwald e ver, inclusive, o crematório ainda intacto?

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