segunda-feira, 7 de março de 2011

Coincidências


Comecei a reler “Mulheres que Correm com os Lobos”  (Clarissa Pinkola Estés) e além de redescobrir os arquétipos femininos por meio da análise de contos feitos pela psicóloga junguiana, achei esta foto (aí de cima) perdida entre as páginas. O livro estava lá esquecido na minha micro biblioteca em São Paulo e eu não tenho a mínima idéia como o retrato foi parar lá dentro. Fato é que a imagem viajou comigo, escondida entre as 500 folhas, cruzou o Atlântico e ainda assim eu ainda demorei pelo menos mais um mês para achá-la.

Enquanto lia sobre os anseios, expectativas e aventuras do universo feminino, a foto despencou do livro repentinamente. Curioso é que só chegamos a esse local exatamente por causa de uma mulher de meia idade. Dessas que imaginamos quando lemos a obra, que sabem "correr com os lobos". Nem sequer lembro direito de sua fisionomia, só que tinha olhos vivos e alegres. Ela estava acompanhada pelo namorado de cabelos longos e compridos. A única informação sobre o rapaz é que ele falava espanhol. Na verdade, não conhecíamos o casal. Tomávamos um café há seis anos em Atenas, quando ela, repentinamente, - assim como o tal retrato-, pulou na nossa frente. Ela fez um montão de perguntas, queria saber de onde éramos, o que estávamos fazendo lá, qual língua falávamos e quais pontos turísticos já tínhamos visitado. Simplesmente assim. Ela veio, se apresentou, disse que estava tentando ouvir nossa conversa, mas não entendia o que falávamos. O namorado jurava que espanhol não era. Estranho? Nem tanto. Era só alguém de personalidade marcante, com conteúdo para jogar conversa fora por muitas horas.

Depois de nos contar sobre sua viagem para a Tailândia e do crescimento do turismo na Grécia após as Olimpíadas, ela perguntou se conhecíamos Delphi e o templo do Apolo. Ao receber uma resposta negativa, a mulher se empenhou com todas as forças argumentativas e emotivas para nos convencer a ir ao local. Até sobre as vibrações dos antigos deuses ela falou. Reclamamos da distância (são quatro horas de Atenas) e do preço. Então ela abriu um mapa, mostrou, deu nome de linhas de ônibus usadas pelos locais e nos advertiu para ficar longe dos tours fechados, de preços exorbitantes.

Mesmo achando aquela papo besteira (Bullshit, Quatsch) resolvemos ir. Não sei explicar, mas acho que ela estava certa. Nunca mais a encontrei para dizer isso pessoalmente. Provavelmente ela nem sabe que ainda lembramos disso. Vai saber.

Obs.: Antes de ir embora, a mulher ainda pagou nossa conta no café e saiu feliz da vida naquele calor.  Cheia de vida.

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