terça-feira, 9 de março de 2010

Buracos Negros e Ondas Gravitacionais


Já são nove horas da manhã e estou aqui torcendo os miolos para entender um artigo em inglês (a Alemanha está arruinando tudo que aprendi da língua mundial ao longo desses anos). Na verdade não sei se compreenderia mesmo que fosse em português, mas vai lá. Pelo que captei do título trata-se de uma publicação sobre o “Entendimento do anti-kick (eu chamo isso de empurrãozinho) na junção de dois buracos negros binários”. Ah? Sacou?


Tudo começou numa pequena cidadezinha (acho que eu quis dizer um micro vilarejo, onde a única quitanda do Heer Gemüse fecha na hora do almoço) próxima à Berlim. “Corujices” à parte, lá estão os cérebros mais brilhantes aqui da Alemanha. É uma reunião de Franjinhas com Professores Pardais, todos descabelados e compenetrados em simulações esquisitíssimas (tipo esse artigo aí de cima).  Para entrar no prédio, somente com chave apropriada, um chip com seus dados que libera o acesso. Logo no hall de entrada, há um jardim , algumas lousas com números bem diferentes daqueles que aprendemos na escola e uma estátua do Einstein. Acho que serve para  lembrar os reles mortais de como a gente é (como diria meu avô) “cabeça gorda”.

Assim é o grupo de gravitação do Max Planck. Um prédio todo de vidro transparente, com corredores à mostra que ligam diversas salas à bibliotecas e centros de informática. Dá uma sensação de estar dentro do mundo dos Jetsons. Também é comum se deparar com situações peculiares como doutorandos em frente ao computador de meias e calças de ginástica. Problemão para encarar, mas pelo menos em roupas confortáveis.   

O mais legal de ser casada com um físico é quando as pessoas perguntam o que seu marido faz e você responde algo do gênero: “ah, eu acho que ele analisa alterações nas ondas gravitacionais emitidas por buracos negros”. Geralmente o assunto morre ou a pessoa inocentemente tenta de novo, “mas ele não trabalha”?  Ainda escreverei um post sobre as diferenças da profissão pesquisador (ou melhor, o que as pessoas entendem por isso) no Brasil e na Alemanha. 

Mas continuando. O resultado de tanta pesquisa saiu semana passada. Para quem entende de física melhor que eu, o texto já esta no arxiv: http://arxiv.org/pdf/1003.0873v1. O ponto crucial da história, em linguagem infantil, é que quando os buracos negros estão juntinhos (anteriormente eles caíam um em direção ao outro), a emissão das ondas gravitacionais mudam de direção e isso tem a ver com uma tal curvatura, mas aí vocês já estão exigindo muito do meu raciocínio humanóide.

E eu achava que alemão era complexo.  Pior de tudo, parece que a trolha aí de cima é um dos casos mais simples, com buracos negros bonitos (o termo deve ser esféricos)  e colisão bem de frente. Não sei como se pode complicar mais! Acho que prefiro as imagens dos buracos negros à matemática e conceitos físicos por detrás da história toda. Mas já é um começo!

3 comentários:

Rachel Mendonça disse...

nossa rê, isso que dar ser casada com um físico, você se rendeu aos buracos negros hehe

Ju Lozano disse...

hahaha... adorei, rê! seu humor continua o mesmo e sua capacidade de transmiti-lo por meio de um texto está muito apurada! bjo grande pra vc e pro ro (q medo!). Ah... e adorei a idéia do blog! Ju (PUC)

Fernanda disse...

nossa... nao sei fazer essas contas ai do artigo nao! depois vou tentar ler... com certeza o danilo deve entender algo... hahaha

Ah, adorei sua explicação didatica!!!!

super bjo Re